sábado, 26 de novembro de 2011

QUANDO SE AMA - ACONTECE POESIA

AINDA O CONCURSO DE POESIA

CONVERSA COM AMIGOS:

No âmbito das comemorações do 25º aniversário do Centro Cultural de Campos, os seus organizadores promoveram um concurso de poesia de tema livre ao qual lhe chamaram:

A poesia no encontro do tempo”.

O regulamento foi publicado e devidamente divulgado. Ao ter conhecimento do evento, e dado que até gosto de poesia, logo pensei em concorrer. Para tal, e de acordo com o regulamento, só eram aceites três trabalhos inéditos. Assim, e de acordo com o meu imaginário, toca a escrever, escrever, escrever...
Quando dei por ‘mim’, já tinha quatro trabalhos prontinhos para apresentar em concurso. Como não podia deixar de ser, três destes trabalhos foram dedicados à terra onde nasci:

CHAMOSINHOS.   
Para desconstranger o Júri na hora da decisão, no quarto trabalho divaguei um pouco, para ‘voar’ ao meu jeito. No final, e tal como um pai que olha para os seus filhos acabados de nascer, fiquei muito garboso. Eram todos lindos... Fui eu que fiz! Claro que só podiam ser lindos..., mas para concurso, só podiam ser enviados três.

E agora!... Como vou resolver isto? Era a incógnita! No Fim-de-Semana que se seguiu, reuni os meus filhos, os meus netos e até os dois cunhados. Para tal e como não podia deixar de ser, não faltaram as sardinhas assadas. No final, e já com o cafezinho a ‘léguas’, foram distribuídas quatro folhas de papel A4 nas quais se encontravam os quatro poemas escritos. Todos caladinhos e com muita atenção, toca a ler um poema de cada vez.
Depois de lidos e discutido o seu “valor poético”, fiz uma proposta:
“Há um que não vai a concurso: Qual?...”. Conclusão: Como eram todos muito bons, iam todos a concurso. Foi a opinião geral. Mas o regulamento só aceitava três. Assim, a ‘bola’ voltou às minhas mãos!...

                           1- CHAMOSINHOS MEU AMOR
                           2- FONTE BOA DO MEU CORAÇÃO
                           3- O RIO
                           4- VOAR

Os títulos eram todos sugestivos mas..., um deles tinha de ser ‘descartado’. Depois, e já pela noite dentro, pensei:
- Qual é a dúvida, se o propósito é apenas e só participar?
Assim, com as folhas A4 viradas ao contrário, embaralhei, embaralhei e sem olhar, retirei uma. Foi com tristeza que vi já fora do ‘baralho’ o meu primeiro trabalho:

                             CHAMOSINHOS MEU AMOR

Mas, como um tinha de sair, estava decidido e pronto. Este poema foi publicado no meu Blog.
Desta maneira, foram enviados para concurso três poemas.

1- FONTE BOA DO MEU CORAÇÃO
2- O RIO
3- VOAR

Fonte Boa, encontra-se no baldio de Chamosinhos e, situa-se no final da quinta do Arraial, entre o grande pinheiral a as leiras que chegam à Freguesia da Silva. Era um sítio extraordinário. Ali nascia água por todos os lados. Era cristalina e podia-se beber mesmo directamente dos charcos onde se encontrava. Os mais antigos, à custa de pás e picaretas, abriram poços e minas e uma grande vala que conduzia a água até à poça nova que se situa perto da entrada de Chamosinhos e, ainda hoje está activa. Dizia-se que aquela água, um dia havia de ser levada até a um chafariz a erguer no largo do cruzeiro. Toda essa esperança se ‘esfumou’ no tempo.
Como a inteligência do ser humano não pára de pensar, quer para o bem quer para o mal, mandaram colocar uma ‘LIXEIRA’ à qual, pomposamente, lhe chamaram “ATERRO SANITÁRIO” mesmo em cima dos lençóis de água subterrânea, destruindo por completo aquele lugar paradisíaco. Agora, além, além do ar que se respira, chega aos poços e à Fonte de CHAMOSINHOS água envenenada.    

O Rio Minho, no século passado foi a base de alimentação para centenas de famílias das aldeias ribeirinhas. Os pescadores, portugueses e espanhóis não davam tréguas à pescaria: O peixe emigrante que utilizavam o rio para, na época própria desovar, tal como o: Sável, salmão e, lampreia era de tal ordem abundante que, por vezes, havia tanto peixe que chegaram a apanhar numa só redada mais de 500 peças. Além do peixe emigrante, também existia o residente tal como: A truta, solha, enguia, tainha e tantos outros.    
Enfim, era o meu rio onde muitas e muitas vezes, debaixo do grande arvoredo existente ao longo das suas margens, me sentei com os pés dentro de água a ver minuciosamente a subida ou descida das marés. Aqui, também a inteligência humana se encarregou de o envenenar e, ao mesmo tempo, travou o percurso daqueles que o procuravam para se multiplicar aos milhões.

Voar! Voar foi um trabalho de imaginação que quis por à prova do júri. Foi pena não ter sido pontuado no sentido de eu analisar até que ponto existia nele algum significado. 
  
Foi a primeira vez que participei num concurso de poesia. Claro que, nem de perto nem de longe me passou pela cabeça que, alguma vez, fossem classificados nos trinta primeiros lugares. O concurso previa prémios para os três primeiros e para os restantes, um Certificado de participação. O evento aconteceu a 9 de Setembro com uma grande festa à qual, infelizmente, não pode assistir. Entretanto o júri decidiu e, os primeiros classificados apareceram muito naturalmente. Como eram mesmo os melhores, ocuparam os primeiros lugares e pronto. No entanto, penso eu, o júri achou por bem não criar expectativas entre os restantes concorrentes, ou seja: Aqueles que ficaram em quarto, quinto e por aí fora até ao último.

No meu ponto de vista, acho que todos os trabalhos apresentados a concurso, deveriam ter sido classificados, e isto porquê? Porque, seria engraçado que os participantes soubessem o lugar que ocuparam nas mais de trinta obras apresentadas a concurso. Depois cada um poderia fazer a análise do valor que o seu trabalho teve perante um júri acreditado. No meu entender, essa leitura poderia dar um certo entusiasmo a quem gosta de fazer poesia. Claro que, o último lugar em trinta, não ajudava muito mas..., quem sabe? Até podia ser um motivo para tentar de novo e, fazer melhor. Assim, e para que todos os meus queridos amigos/as seguidores possam ler os poemas que escrevi e apresentei a concurso, vou publica-los a seguir. Muito gostaria de saber a vossa opinião sincera.
Por favor, comentem!...

========== ««»» ==========

FONTE-BOA DO MEU CORAÇÃO

Quando era pequenino,
pelos caminhos andei.
Descobri um carreirinho,
e Fonte-Boa encontrei.

Por ela me apaixonei,
com ela fiquei encantado.
Como foi isso não sei,
Mas fiquei enamorado.

Era o sítio mais bonito,
lá para os lados do Baldio.
Com nascentes a cintilar,
com a água a deslizar,
era um lago de encantar,
quer no calor ou no frio.

Fonte-Boa lá no monte,
tem uma lixeira também.
Com o fim no horizonte,
por via duns filhos da Mãe.

O bicho Homem chegou,
e ao que ali encontrou,
puxou por seus galões,
e não teve contemplações.
Por inveja ou por vingança,
um plano elaborou,
que logo o aprovou.
As águas ele matou,
com Fonte-Boa acabou
e lá foi a nossa esperança.

Oh gentes de Chamosinhos,
por Fonte-Boa chorai.
Como somos pobrezinhos,
prometeram dez aninhos,
Mas já nos vinte vai.

Aos jovens da minha terra,
que Fonte-Boa nunca viram.
Por ela já houve guerra
Os mais fracos desistiram.

Local digno de se ver,
onde a água predominava
era um regalo dela beber,
era limpa e cristalina,
agora foi envenenada,
por uma grande cambada.
Quem a beber pode morrer.

Lutem sempre pela vida,
não se deixem intimidar.
Protejam a Natureza,
pois podem ter a certeza,
que ela vos recompensa,
sem nada vos cobrar.

António Sanches

========== ««»» ==========

O RIO...

Oh Rio do Alto Minho,
Oh Rio da minha Terra.
Quantas vezes me viste sozinho,
Travando contigo uma guerra.

Tu és grande, provocador e frio,
Eu sou pequeno, irrequieto, mas forte.
Nunca de ti tive medo, oh! Rio,
Quando me ameaçavas de morte.

Muitas vezes a olhar-te estive,
Ao longe os cucos cantavam.
Cantigas que sempre ouviste,
Tuas ondas me consolavam.

Em ti nunca mergulhei,
Não por falta de confiança.
Mas porque nadar não sei,
No futuro tenho esperança.

Meninos irrequietos e sem frio,
Para sempre a vida perderam.
Porque fizeste isso, oh! Rio!...
Eles não te mereceram?

Dás de comer aos pescadores
Dás de beber aos milheirais.
Onde escondes os teus amores,
Não dás confiança aos demais?

Há quem não goste de ti,
Tudo serve para te acabar.
Lançam-te veneno que bem vi,
Para os teus filhos matar.

As areias do teu leito,
As Barragens a Montante estão.
As Etares sem qualquer jeito,
Deram cabo do teu coração.

Quando eras mais novinho,
Mostravas quanta força tinhas.
Inundavas o Vale do Minho,
afastavas os fuinhas

Ao fim de tanta tortura
Ficaste sem pujança.
Agora mostras doçura,
Deste muita confiança.

A tua beleza não tem fim,
E nobreza também não.
És velho, mas a vida é assim,
Vivemos a mesma condição.

António Sanches

========== ««»» ==========

VOAR...

Hoje..., vou voar até me apetecer.
Apetece-me tanto voar,
não sei o que vai acontecer.
Como o hei-de fazer?

Vou voar, voar até ao amanhecer.
Fechar os olhos?... não,
isso não me vai apetecer.
Quero voar, voar sempre a ver,
muitos medos eu vou ter.

Tenho pressa de viver
Quero voar até me apetecer
Hoje sou um pássaro qualquer,
Talvez um pica-pau não ficasse mal...
Uma ferreirinha?..., nem sequer...
Ah!!! Eu prefiro um pardal.

Tenho pressa de viver,
e voar... não parece mal.
Voar leve, livre e sem sofrer,
Eu já quero ser pardal.
Não sei o que vai acontecer.

Quero voar nas alturas,
e com vontade de voltar.
Não vou ser como as andorinhas,
Que perdem a vida no mar.

Quero voar com alegria,
Com vontade de viver.
Quero voar com magia,
Voar, voar só para te ver.

Voando te encontrarei,
Em nuvem branca deitada.
Voando não te deixarei,
Noutros voos abandonada.

Voando sempre de mão dada,
Dois passarinhos encontrámos.
Voando, já bateram as asas,
Nesses voos já não entramos.
Vou voar, voar até me apetecer,
Mas..., não sei o que vai acontecer.

António Sanches

2 comentários:

  1. Querido amigo Sanches!

    Que pena não poder ter concorrido com os quatro poemas. Mas eram as regras e havia de as cumprir.
    Como parte do júri mas sem grande poder de decisão, pois o meu papel era mais o de secretariar, isto porque tinha recebido eu quase todos os poemas a concurso e sabia quem eram os autores, posso dizer-lhe que foi muitíssimo difícil eleger os vencedores. Foram cinco horas duma luta tremenda.
    Nada fácil, acredite.

    Também pensamos em fazer o que aqui sugere.
    Revelar a pontuação dada a cada um dos participantes, mas essa hipótese acabou descartada para não ferir algumas susceptibilidades.
    Uma coisa é certa, mesmo que quiséssemos reverter o processo, seria agora impossível, pois as pontuações de cada poema estavam comigo, essa foi a minha principal tarefa, mas os resultados, depois de apurados os vencedores e chegada à conclusão de que seria melhor não revelar pontuações parciais, foram destruídos.
    Lamento.

    Posso acrescentar, que este foi o primeiro ano de muitos que se seguirão e que aperfeiçoaremos sempre.
    Para o ano há mais. Pode já começar a escrever mais poemas, sempre belos.

    Beijinhos

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  2. Obrigada meu querido amigo Sanches, pelo carinho e sobretudo por conseguir arranjar tempo para mo dar.

    Desejo que tudo esteja a correr pelo melhor.
    Deixo-lhe um abraço e beijinhos extensivos à esposa.

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