quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

OLHANDO O MEU PAÍS

O MOINHO DE VENTO QUE FALA

Chamam-me Moinho de Vento porque para moer os cereais dependo do vento. Dizem que sou movido à força da energia eólica. Tenho uns primos que também moem cereais mas esses dependem da água, chamam-lhes moinhos de água ou azenhas. Dizem que trabalham à força da energia cinética.
Já sou muito velhinho e nem sequer me lembro quantos anos tenho. A minha geração tem mais de mil anos. Mas o meu tratador também já é muito velhinho, chamam-lhe “o moleiro”, não sabe ler nem escrever. Só sabe contar o dinheiro, medir os alqueires, o arrátel  e tirar as maquias das sacas para se pagar do meu trabalho. Mesmo assim dizem que é analfabeto.

Nasci em Geraldes perto de Peniche, daqui via os meus irmãos, o mais próximo está no Alto do Veríssimo. Trabalhávamos dia e noite sem parar.
Nesta planície todas as terras eram semeadas com trigo. Adorava ver aquele manto verdejante fazendo grandes ondulações de acordo com o vento que soprava. O calor ia apertando e tudo começava a mudar de cor. De repente, quando dava por isso, a grande paisagem verdejante tornava-se dourada. Era o trigo a amadurecer e a ficar pronto para ser ceifado.
Depois, e aos poucos começavam a aparecer as mulheres que de lenço apertado nas cabeças e foucinhas nas mãos, punham-se umas ao lado das outras e, num ápice, ceifavam uma terra de trigo na totalidade. Uma vez ceifado, era atado em molhinhos e transportado para a eira que era ali um pouco mais abaixo.

Ali, homens e algumas mulheres malhavam o trigo para separar os grãos da palha. Estavam ‘naquilo’ dias inteiros. No final as grandes peneiras tratavam de limpar o grão que era de imediato ensacado. A seguir, era levado para casa onde o guardavam em grandes caixas de madeira para evitar as humidades. A palha era separada do restolho e assim aparecia o colmo para encher os colchões das camas. Foi assim durante centenas e centenas de anos.
Em meados do Século XX chegou a “evolução” à agricultura. Com ela, apareceram as máquinas debulhadoras que faziam quase tudo: Elas malhavam, separavam os cereais, ensacavam e, vejam só, até atavam a palha fazendo molhos rectangulares ou redondos.

Eram os tempos modernos. Eu via os tractores nas eiras empenhados em fazer movimentar aquela engenhoca: Enfiavam-lhe os molhos de trigo ou centeio por uma “boca” existente lá nas alturas e, logo a seguir, saíam os cereais para os sacos por um lado e a palha devidamente atada em fardos por outro lado.
Estas máquinas “engenhocas”, que nem sequer sabiam andar, acabaram com os ceifeiros, os malhadores e até com o “colmo” para encher os colchões. Enfim, evoluiu tanto, tanto, que acabou com tudo. Até parece que os homens perderam o juízo. Não sei o que lhes deu que de repente abandonaram as terras e assim, deixaram de produzir o pão que foi o fruto de uma luta cerrada durante toda a sua existência.

Eu que trabalhava vinte e quatro horas por dia a moer os cereais, vejo-me agora sem nada para fazer. A maior parte dos meus irmãos já desapareceram. Aquele que estava mais perto de mim ali no alto tiraram-lhe o coração e fizeram dele uma habitação... Já se viu coisa assim? Um moinho de vento com as suas hélices paradas para o resto da vida! Acho mesmo ridículo. A maior parte dos meus irmãos foram abandonados e aos poucos, desfizeram-se sem deixarem rasto. Eu tenho sorte porque o meu tratador, embora já muito velhinho, ainda consegue arranjar alguma coisa para fazer. Agora até milho me dá para partir ou mesmo para moer. Para que será?
Será que os homens deixaram de comer pão?

Agora, quando olho para a planície que me rodeia só vejo couves. Couves, couves e mais couves.
Há umas que nascem com grandes folhas, o meu tratador diz que é a couve portuguesa. Depois aparecem outras com uma espécie de bolinha escondida lá no meio das folhas, o meu tratador diz que é a couve lombarda. Mas há mais: há outras que têm a bolinha no meio que parece uma bola de rugby, o meu tratador diz que é coração de boi. Há cada coisa!... Coração de boi. Comparar uma couve com o coração de um animal corpulento, acho que está a ficar tudo maluco.  Depois, também aparecem outras que tem uma flor muito branquinha escondida no meio das folhas verdes, o meu tratador diz que é a couve-flor. Grande descoberta, isso está bem de ver.       
Será que os homens de hoje só comem couves?

O meu tratador agora está sempre sentado à entrada da porta. Diz que tem dificuldades em andar para cima e para baixo como sempre o fez, em vez de ir bater às portas das pessoas para arranjar trabalho para mim, alapa-se ali à espera de visitas. Há cada uma!.... Antigamente toda a gente sabia quem eu era, como funcionava e para que servia. Agora aparecem por aqui umas pessoas que ninguém as entende: falam, falam, falam e nada.  Não percebo patavina do que eles dizem. De repente, calam-se todos e logo alguém inicia um rol de perguntas: Como te chamas, quantos anos tens, como funcionas, para que serves e, tudo…
Não sei para que são necessárias tantas perguntas se a maior parte deles nem sequer ouvem as minhas respostas.

Depois, sobem pelas escadas acima, andam por aqui de boca aberta, mexem em tudo, enfarinham-se todos e ala pelas escadas abaixo sem dizerem nada. Dizem por aí que são turistas. Acho que foi por causa dessa gente que colocaram ao meu lado um minorca com pouco mais de dois metros de altura, chamam-lhe réplica. A única coisa que ele tem é as paredes redondas e uma pequena roda com velas que anda ali feita maluca quando o vento está de feição. De moinho não tem nada, mesmo nada. Chamar ao minorca um moinho de vento, até dá vontade de rir. Ele não tem portas nem janelas, ele não tem engrenagem, ele não tem Alma nem coração, não sei para que serve!

Quando eu nasci, não havia cimento como hoje. Fui construído com pedras fixadas com barro. Fizeram-me redondinho e tenho a forma de cone com mais de seis metros de altura. Depois das paredes concluídas e bem lá em cima, colocaram-me uma calha em toda a volta chamaram-lhe frechal. A seguir, construíram dois patamares em madeira fazendo de mim um prédio com r/c, 1º e 2º andar. A seguir, e mesmo antes de me fazerem a cabeça, colocaram-me um tronco de carvalho muito grosso e pesado na transversal a partir do centro até bem lá para fora do frechal. Por fim construíram a cúpula em madeira com rodinhas e colocaram-na encima do frechal. Era a minha “cabeça”.

Para que eu a pudesse virar para todos os lados, montaram um esquema de cordas com rodízios, chamaram-lhe o sarilho. Desta maneira., basta o meu tratador puxar os cordelinhos e lá ando eu de cabeça à roda à procura do lado onde sopra o vento. Mas, para que o meu tratador não tenha de sair à rua para ver de que lado sopra o vento, colocaram-me lá bem no alto e já fora da cúpula um cata-vento. Ou seja: uma pequena rodinha com um rabo em leque que se vira para o lado onde sopra o vento.
Essa rodinha está ligada a um eixo que entra na cúpula até a um dispositivo que determina o lado exacto onde sopra o vento: Norte-sul / Este-Oeste.

Como o vento tem muita força, tenho de o aproveitar para pôr o meu dispositivo em movimento. Quando ele muda de posição eu fico parado, então lá vem o meu tratador puxar-me os cordelinhos pondo-me a cabeça à roda até encontrar o ponto cardeal de onde ele sopra. Quando acabaram de construir a cúpula colocaram-me no centro um eixo (A minha coluna) que vai até ao r/c . Em cada ponta montaram uma grande roda dentada. Também na parte mais grossa do tronco transversal, foi montada uma roda com os dentes dispostos na lateral que engrena na roda do eixo central. A roda dentada colocada no eixo central no r/c, faz accionar os rodízios de madeira que estão directamente ligados às mós no primeiro andar.  
Depois montaram as velas. Dado que o tronco sai para fora da cúpula, foram afixadas na ponta quatro varas que se cruzam entre elas.

A seguir ataram oito velas de pano. Quando o vento sopra com força faz rodar a grande roda de velas e o tronco roda à mesma velocidade. Como está engrenado ao eixo central, faz rodar todo o sistema montado no r/c destinado a mover as rodas de pedra existentes no primeiro andar. Ao entrares no moinho, a primeira coisa que vês são os grandes rodízios, uns com os dentes na horizontal e outros na vertical que, encaixados uns nos outros, aguçam a curiosidade de quem me visita. Para moer os cereais até ficarem em farinha, colocaram-me na cúpula, uma caixa de madeira com a forma cónica e chamaram-lhe o Tegão. O fundo dessa caixa está ligado a um tubo que, uma vez cheio de cereais, conduz o grão para um pequeno dispositivo também construído em madeira destinado a controlar a entrada de grão no orifício da mó.

 Este dispositivo está pendurado encima da mó perto do buraco chamado “Olho da Mó”. Nele está pregado um pauzinho que assenta na roda. Com o movimento constante da roda, o pauzinho faz tremer todo o dispositivo que, por sua vez, faz deslizar os grãos devagarinho para dentro do olho da mó. Ali, são totalmente triturados até ficarem em farinha. Dado à rotação da mó, a farinha é expelida para as laterais. Há medida que a farinha se vai amontoando o meu tratador vai ensacando para no final entregar a quem pertence. Este é o meu trabalho que, ajudado pelo vento, nunca me recusei a fazer sem ter direito a dormir, a folgar e mesmo a férias. Aqui estou eu velhinho com pouca saúde a fazer o que posso, mas feliz por saber que vocês gostam de mim e que me admiram muito, por isso, ofereço-vos este poema:

O vento a soprar,
As velas a puxar,
As mós a rodar.
O burro a cavalgar
Os cereais a transportar
Para ao moleiro a entregar.
As mós a transformar
O moleiro a ensacar.
O padeiro a peneirar
A farinha a amassar
O forno a cozinhar
O pãozinho para o teu jantar.

Dezembro de 2012
 A. Sanches                    

domingo, 16 de setembro de 2012

OLHANDO O MEU PAÍS


A PROPÓSITO DE
UMA CAMINHADA NOCTURNA

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O facto de escrever um texto sobre a caminhada nocturna, tem muito a ver com as Linhas de Torres. Isto vem a propósito de, em tempos que já lá vão, ter estudado um pouco a história da chamada “Guerra Peninsular”, dedicando-me mais à Batalha do Buçaco por razões do aniversário daquela que foi, o princípio do fim das invasões francesas. 

As Linhas de Torres, que foram essenciais para a derrota de Napoleão em Portugal, nunca as visitei. Por isso, ao ter conhecimento da possibilidade de fazer uma caminhada, mesmo nocturna, exactamente pelo local onde elas ainda hoje se encontram, não quis perder a oportunidade e então...
Vou contar-vos o que me aconteceu.  

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SE QUISERES ENTENDER-ME MELHOR
LÊ O PEQUENO APONTAMENTO DA
HISTÓRIA DA GUERRA PENINSULAR.
PENSO QUE VAIS GOSTAR DE SABER
QUE O IMPERADOR NAPOLIÃO BONAPARTE
FOI O PRIMEIRO A TENTAR A
UNIFICAÇÃO EUROPEIA

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UM POUCO DA HISTÓRIA DA GUERRA PENINSULAR
AS INVASÕES FRANCESAS

Primeira invasão:
Napoleão foi proclamado imperador em 1804, deixou de ser o salvador da França republicana para apenas procurar o seu desejo megalomaníaco de dominar o mundo, defrontando-se com a Inglaterra, a Prússia, a Saxónia, a Rússia e a Suécia.
Depois das brilhantes vitórias de Austerlitz 1805, Lena e  Auerstadt 1806, Eylau e Friedland 1807, que o levaram à paz de Tilsitt czar transformado em aliado submisso, para alcançar o domínio da Europa, faltava-lhe conquistar a Espanha, Portugal e as Ilhas Britânicas.
Dado à grande dificuldade na conquista das ilhas Britânicas, voltou-se para a Espanha onde contou com a degradação em que se encontrava a côrte de Carlos IV. Não se preocupou com Portugal dado que lhe conhecia bem a fraqueza política e aliou-se à Rússia na tentativa de vencer a Inglaterra. Com bloqueio continental já começado em 1806, esperava assim que Espanha e Portugal fechassem os seus portos ao comércio Britânico. Como Portugal não alinhou, Napoleão irritado firmou o tratado secreto de Fontainebleau em Outubro de 1807 pelo qual a côrte de Espanha se conluia com a França para a partilha de Portugal. Daí resultou a ocupação que ainda hoje persiste da cidade portuguesa de Olivença.
Dias antes da assinatura do tratado já um exército francês comandado pelo general Andoche Junot (que fora embaixador em Lisboa em 1805/1806), tinha atravessado Espanha por Burgos, Valladolid, Salamanca, Ciudad Rodrigo e Alcântara, transpunham a fronteira em Segura, avançando sobre Lisboa onde contava apoderar-se da côrte portuguesa. Chegaram a Sacavém em 29 de Novembro com cerca de 1.500 militares franceses. O general invasor Junot, trazia apenas consigo uma reduzida força, cujo miserável aspecto mais parecia um bando de maltrapilhos do que de soldados de Napoleão.   
Assim, entrou na capital, já abandonada pela corte e pelo governo que na véspera tinham embarcado para o Brasil.Em 31 de Agosto de 1808 terminou a primeira invasão francesa em Portugal. Junot falhou o plano que sonhara de enviar de presente a Napoleão o príncipe regente de Portugal e a sua corte, que ele vinha salvar “da influência maligna da Inglaterra”.

Segunda invasão: 

Depois de muitas lutas, já no final de Setembro de 1809 Napoleão, conhecedor das reveses sofridas pelos seus marechais em Portugal e Espanha anunciou publicamente o seu propósito uma nova invasão dizendo: “Antes de um ano serão os ingleses, apesar de todos os seus esforços, expulsos da Península, e a águia imperial tremulará ufana nas fortalezas de Lisboa".  
A última vitória das águias napoleónicas e a paz de Viena que se lhe seguiu, tinham levado ao apogeu o poder de Napoleão, que ficava dominando a Europa central e ocidental, incluindo a Espanha onde reinava seu irmão José. No Ocidente europeu, apenas Portugal no continente e a Gran-Bretanha nas suas ilhas se mantinham fora do seu domínio.

Terceira invasão:        
                  
Quando Napoleão se viu livre da guerra nos outros países da Europa, enviou para Espanha as suas tropas disponíveis que, juntas à que ali se encontravam, somou um efectivo de 360.000 homens e 80.000 cavalos. “Assim que eu aparecer além dos Pirenéus, o leopardo espantado fugirá para o Oceano, afim de escapar à ignomínia, à derrota e à morte”.
Afirmação de Napoleão no Senado francês em 4 de Dezembro de 1809. Em Setembro de 1810, Wellington instalou-se no convento do Buçaco onde formou o seu quartel-general !... 
Em 27 de Setembro de 1810, na encosta leste da serra do Buçaco, travou-se a batalha que mais militares dizimou ao exército de Napoleão.

No final, morreram na Batalha do Buçaco 1.056 militares aliados e 82 portugueses. Do lado francês morreram  4.486 militares. 

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Para não me alongar mais na descrição daquela que foi a 3ª. invasão francesa,
vou contar-vos o que aconteceu 152 anos depois.
                           
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COMEMORAÇÃO DOS 152 ANOS DA
                                         
 BATALHA DO BUÇACO


No dia 27 de Setembro de 1962, estive presente na primeira festa das Comemorações da Batalha do Buçaco realizada pelo Museu Militar de Lisboa onde cumpria o serviço militar como escriturário amanuense.O motivo para estas comemorações foi a inauguração do novo Museu Militar do Buçaco, situado ao lado da capela sa Senhora da Vitória.
Em colaboração com o decorador do Museu na época senhor Martins, estivemos 15 dias consecutivos em Coimbra a dar instrução de manuseamento de armas e marcha a um pelotão de Infantaria fardado à época, formado por cerca de trinta homens postos à nossa disposição pelo Senhor Comandante do Regimento de Infantaria nº 6 em Coimbra.
Também colaborei com o Adjunto do Director do Museu, Senhor Tenente Dr. Alvares de Carvalho, que teve a seu cargo toda a organização das comemorações do aniversário da Batalha do Buçaco.
O Museu Militar do Buçaco foi por nós decorado com todo o património existente, achado ao longo dos anos na encosta leste da serra onde se deu a Batalha. Toda a história foi contada em quadros seleccionados e colocados ao longo das paredes. No meio da sala grande, uma bateria com cinco manequins fardados à época, mostrava como se manobrava uma peça de artilharia. Peças raras e manequins fardados representando as tropas portuguesas e aliadas, completavam todo o espaço livre do Museu.
As festas desenrolaram-se junto ao Obelisco erigido no largo existente ao cimo da estrada militar. Ali foi montada uma grande tribuna coberta destinada aos convidados:  General Chefe do Estado-maior do Exército, General Chefe da região Militar Centro, Adidos militar em representação de vários países, Coronel Júlio Martins Mourão Director do Museu Militar de Lisboa e muitos outros militares e civis. Depois das boas vindas dadas pelo Director do Museu, seguiram-se os discursos do Chefe do Estado-maior do Exército, do Chefe da Região Militar e do Adido Militar em Portugal em representação da Alemanha. No final dos discursos assistiu-se ao desfile das tropas em parada: O desfile foi aberto com seis tiros da peça de artilharia que estava preparada para tal.
‘O que os mocinhos não sabiam era que o carro onde se encontrava a peça tinha rodas falsas’.

Assim, antes dos tiros eles tentaram pôr o carro a andar. Como não o conseguiram foi arrastado até à frente da tribuna perante o sorriso de todos. Chegados ali, foram disparados seis tiros de canhão que fizeram tremer a tribuna e o chão. Seguiu-se a marcha do pelotão de Infantaria fardado à época. Depois de duas voltas ao recinto iniciaram a descida da estrada militar deliciando todas as pessoas que se acumulavam ao longo da estrada. Também a cavalaria com os animais engalanados e os cavaleiros fardados de acordo com as normas, fizeram as delícias de quem assistiu. Seguiu-se a inauguração do Museu Militar do Buçaco pelo Chefe do Estado-maior do Exército. Depois das assinaturas no grande livro de honra do Museu onde a minha também consta, seguiu-se  a visita pública com milhares de pessoas a visitá-lo durante todo o dia.

Foram as primeiras comemorações da Batalha do Buçaco realizadas ao fim de 152 anos.

Buçaco, 1 de Outubro de 1962
António Joaquim Sanches
1º Cabo escriturário.
(Apontamento escrito por mim, no Museu Militar de Lisboa).


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FOI    CINQUENTA ANOS!...
PARA MIM...
F O I   O N T E M.

FOI HÁ 50 ANOS:
                
Há 50 anos, estava eu a cumprir o serviço militar obrigatório.

Há 50 anos, estava eu deslumbrado, ao serviço do Museu Militar de Lisboa.

Há 50 anos, estava eu a colaborar na organização das comemorações do aniversário da Batalha do Buçaco.

Há 50 anos, estava eu pela primeira vez a estudar a história da guerra peninsular.

Há 50 anos, estava eu em Coimbra, juntamente com o decorador do Museu, a dar instrução militar a 30 homens para desfilarem equipados a rigor perante os convidados e milhares de pessoas que, pela primeira vez assistiram a um desfile militar na zona militar do Buçaco.
Há 50 anos, uma autêntica romaria deslocava-se desde o Luso a Mortágua para assistirem  à festa militar no Buçaco.    
Há 50 anos, estava eu deslumbrado a ver o meu pelotão de Infantaria, ricamente fardado e bem alinhado, a subir e a descer a estrada militar para se exibir perante os oficiais e milhares de pessoas que ocupavam todos os sítios para não perderem pitada dos acontecimentos.
Há 50 anos, estava eu e o Senhor Dr.Álvares de Carvalho à porta do novo Museu a receber os cumprimentos de parabéns do Chefe do Estado-maior do e do Director do Museu Militar de Lisboa.

Há 50 anos, estava eu a mostrar aos visitantes do novo Museu e a contar a história do moinho do Sula, e como se deu a batalha naquele encosta ‘idiomática’. 
Há 50 anos, eu enamorei-me pelo Buçaco e as suas gentes.
Há 50 anos, apaixonei-me por duas meninas de Mortágua.

Há 50 anos, eu tinha 23 anos.
Há 50 anos...   
Foi há 50 anos!...

Lisboa, 27 de Setembro de 2012

António Joaquim Sanches
Reformado


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CAMINHADA NOTURNA 

AS INVASÕES FRANCESAS
                       
Grande Rotas das Linhas de Torres

(Descobrir as Linhas ao Luar “Azul”)


No dia 21 de Agosto de 2012, ao consultar os emails recebidos no meu computador chamou-me à atenção o Email enviado pela Casa de Pessoal de R.T.P. :

Caminhada Noturna com apontamento histórico
 – (FORTE DO ALQUEIDÃO Obra militar nº 14)
 – 31 de Agosto-6ª Feira-20H30”. 

No final da consulta fiquei curioso:
Voltei a ler e descobri que era um “passeiozinho” de 9 km na Rota histórica das Linhas de Torres. E porque não?...
Ah, esta não vou perder!... Pensava eu cá para os meus botões!...
Caminhadas só por si, nunca foram coisa que me interessassem muito. A minha Beatriz quase todos os dias em companhia do seu mano mais novo, não perde uma única, mas considero isso normal dado que tem problemas nos joelhos e as caminhadas segundo ela, fazem-lhe muito bem. À Beatriz, faz-lhe bem aos joelhos. Ao mano faz-lhe bem às costas...-Segundo ele diz.
Para mim, só se fosse à cabeça, para me fazer crescer mais um pouco de cabelo mas, como não acredito que essas coisas de crescer mais cabelo se resolvam com caminhadas, não alinho. No entanto desta vez fiquei curioso, não por fazer cerca de 9 km a pé mas sim, para conhecer as Linhas de Torres que foi coisa que nunca vi. Por isso, convidei a Beatriz para me acompanhar nesta caminhada noturna. Pouco convincente, não pela caminhada mas, pelo facto de ser de noite e não conhecer o percurso onde se ia realizar... ela aceitou.
Assim, toca a fazer a inscrição atempadamente dado que o dia da realização se aproximava a passos largos. De acordo com a informação, no dia 31 de Agosto às 19h45, lá estávamos nós em Pêro Negro, local da 1ª. concentração dos aderentes por parte da Casa do Pessoal da RTP. Ali, soube que nos iam juntar a outro grupo em Sobral de Monte Agraço e que a organização era da Câmara Municipal.
De Pêro Negro ao Forte do Alqueidão, segundo ouvi, eram pouco mais de 10 km.  O que eu não sabia era que nesse percurso as rectas tinham sido “abolidas”. Dada ordem de marcha, foi iniciado um autêntico “bailinho”: Sobe e desce, à direita, à esquerda, para baixo, para cima!..., eram umas atrás de outras, com o acelerador sempre em média alta. Só por duas vezes houve um leve abrandamento para juntar o cortejo que se tinha partido um pouco. Valeu que segui de perto o guia porque senão..., a esta hora ainda andava à procura do Forte do Alqueidão.
Quando cheguei ao Forte, já ia a falar sozinho. (O meu enjoo já pairava no horizonte). Ali verifiquei com surpresa, que já se encontravam umas boas centenas de pessoas. O Sol já se tinha posto e as Serras eram iluminadas pela Lua. (Foi ali que soube qual a razão da Lua Azul, mas estejam descansados que não vou contar). A Beatriz só dizia: “ Só espero que não me venha a arrepender!...”.
Depois de ser contada por quem sabia, um pouco da história das Linhas de Torres, chegou a hora de partida. Sempre a subir por estrada de terra batida e de lanternas acesas nas mãos, a certo momento acabou a estrada e a grande poeirada, no entanto continuamos a subir por trilhos e caminhos ‘incríveis’ cheios de pedras e buracos, com regos formados por tratores ou outras máquinas que por ali passaram.
Sempre a subir ou sempre a descer, os grandes morros serranos iam sendo ultrapassados pelos caminhantes: Uns a passos largos, e outros a passos mais curtos, às tantas já se tinha formado uma fila com mais de um km de cumprimento. Foi interessante ver do cimo de um dos muitos montes, uma espécie de cobra luminosa com luzes de diversas cores, projectadas por telemóveis, lanternas a pilhas e outros meios de iluminação, que deslizava, descendo o monte anterior subindo direitinha até à nossa posição. As ainda existentes estradas militares, não passam de pequenos troços com grandes seixos espetados na terra tornando-se impossível andar por cima deles.: “Valeu a história”.
De resto só ouvia a Beatriz dizer: “Ai meu Deus, porque foi que me meti nisto”. O Objectivo estava cada vez mais longe. Os trilhos eram cada vez mais difíceis de ultrapassar a passo de caminhada. As escorregadelas eram constantes. Os ‘trambolhões’ sucediam-se uns atrás de outros: Alguns eram apanhados a meio do desequilíbrio pelos companheiros. Outros conseguiam equilibrar-se já em última estância. Outros porém, tal como me aconteceu, mergulhei com os dois pés no ar sem saber como. Valeu-me a lanterna que era especial e por isso, embora não evitasse o rasgão das alças, pelo menos evitou que me aleijasse nas minhas ‘mãozinhas’ e não só. Poucos me viram estatelado no chão!... Numa fracção de segundo pus-me de pé e, à pergunta de alguém:
-Então caiu?... Logo respondi: não!..., foi só uma ameaça!... “O escuro deu para uma mentirinha”.    
A Beatriz é que não estava a gostar nada daquelas coisas: As escorregadelas constantes, os buracos e a grande quantidade de pedras soltas nos trilhos por onde tínhamos de passar, estava sempre com o ‘credo na boca’: “Ai meu Deus, não sei se vou aguentar. Os meus joelhos já me estão a doer!...”. 
Já tínhamos andado quatro km e, cada vez que descíamos um monte outro mais agreste se perfilava. Olhando para a frente, a cobra luminosa subia por ali acima como se não existissem obstáculos. Olhando para trás, o cenário era igual. A cauda descia lentamente na nossa direcção. A Lua, tão depressa estava à nossa frente como, uns minutos depois, ninguém a via... Aparecia mais tarde nas nossas costas. Por mais que tentasse ver a cor azul que alguém alertou antes da partida..., eu só via:
“ O homem com um feixe de silvas às costas”.   (conhecimento dos meus tempos de criança).
A dado momento, e depois de uma grande descida tormentosa, os joelhos da Beatriz negaram-se a continuar. Assim e devagarinho, quando chegamos a um, dos muitos pontos de apoio, solicitamos o “carro vassoura”: Faltavam 5 km para o fim.
O percurso de regresso até ao local de partida, foi feito por duas fazes: Primeiro um jipe que, além do motorista trazia um guia sentado a seu lado. Assim, dado à situação e de bico caladinho, toca a sentar-me no banco de trás: Tendo em conta o meu poder de enjoo pensei: “Pode ser que não seja nada”. Estivemos ali parados mais de meia hora até que a cauda da “cobra” terminasse. A ordem de partida foi dada e, qual o meu espanto, o jipe não conhecia buracos nem trilhos nem tão pouco os matacões que se perfilavam ao longo de todo o percurso.   
Depois das subidas e descidas sem rectas e bem ‘sacudidinhos’, chegamos a outro ponto de apoio onde a “cobra” passava lentamente. Ainda bem que paramos!... Tomar um pouco de ar, ainda que envolvido com a poeirada  sempre ajudava alguma coisa. Mais uns minutinhos de espera e, toca a mudar de veiculo. Uma carrinha guiada por uma senhora muito simpática, foi a minha esperança. “Por certo que a senhora vai utilizar a estrada que estava a ser atravessada pela “cobra” para nos levar ao ponto de partida”. Pensava eu. Mas enganei-me...
Sentados no banco de trás, a carrinha arrancou a direito: Qual estrada qual carapuça e, tal como o jipe, os trilhos eram uma autêntica estrada. Curvas e contra curvas, saltos e mais saltos, foi uma corrida muito atribulada. Chegados a outro ponto do controlo, mais uns minutos de espera e, toca a virar para trás. A dado momento, a carrinha entrou numa estrada e, tal como em todos os pontos, lá estavam as pessoas encarregadas de conduzirem a “cobra” pelos trilhos que os levariam até ao final. Carrinha parada, a senhora foi receber instruções para o resto da nossa viagem. (Nessa altura eu já estava amarelo).
“Achas que te vais aguentar até ao local de partida?... Perguntou a minha Beatriz.
(Confesso que não tinha vontade nenhuma de falar, por isso limitei-me a abanar a cabeça positivamente). Eu só queria era chegar depressa sem curvas nem baloiços. Quando a senhora motorista regressou disse: Agora vamos pela estrada, é um pouco mais longe mas é melhor!...
Foram mais 15 minutos sem ver uma única recta. Acelerador em média alta, ora à direita ora à esquerda e o raio do ponto de partida nunca mais aparecia. Quando chegamos respirei de alívio ao mesmo tempo que sentia os primeiros sinais negativos. Quando sai da carrinha, e olhei para o meu carro verifiquei que, tal como os outros, estava cheio de pó. Então disse cá para os meus botões:
“É pá estás branco..., não me digas que também estás enjoado!..., não gostei da graça. De repente, fomos abordados pela vice-presidente da Casa do Pessoal que nos aconselhou esperar pelo fim da caminhada e depois partíamos todos em conjunto.
Para não a contrariar a Beatriz concordou mas, logo que a vice se afastou decidimos partir. Eu sabia que, o meu estômago em breve me iria fazer uma surpresa. Assim e mesmo não confiante, com muita calminha, devagarinho e sem pressas para não o despertar rapidamente, iniciei o regresso a casa. A Lua, branca ou azul, tinha desaparecido totalmente. O escuro predominava na estrada.
-Será que me vou aguentar sem vomitar?
-Será que vou encontrar o caminho certo para voltar a Pêro Negro?...    
A viagem até Pêro Negro foi assim:
Na descida da estrada de terra batida, era necessário virar à direita mas, como havia dúvidas, e pelo sim pelo não, virei à esquerda. Como era a subir e deveria ser a descer, toca a virar para trás e assim, lá fui até à estrada de alcatrão. Ali, novamente a dúvida..., é para a direita ou para a esquerda?...
Virei à esquerda e acertei. Mais à frente começaram a aparecer as aldeias indicadas num mapa previamente distribuído:
Depois de curvas e mais curvas e sempre em marcha muito lenta, chegamos a Seramena, Lages, A-Dos-Chancos, Cachimbos, Cabeda e S. Quintino. Aqui, acabou a estrada para entroncar noutra que vinha não sei de onde. E agora! É para a direita ou para a esquerda? Alguns segundos de hesitação e,
toca a virar para a direita!... 
Depois de andar não sei por onde, achei que devia voltar para trás. Ao passar por Malgas pensei: “Agora sim... acho que vou no caminho certo”. Depois de Malgas, logo a seguir cheguei ao Casal-da-Rosa, Nogueira e Perna Pau. Depois de hesitar em atravessar a primeira passagem de nível por não me parecer a mesma, segui em frente. Depois sim, lá apareceu a verdadeira passagem de nível que, uma vez atravessada e mais meia dúzia de curvas muito interessantes para a minha condição de enjoado, cheguei a Pêro Negro. Era o objectivo.
Chegar a Pêro Negro sem vomitar podia considerar uma vitória mas aquelas curvas antes do Largo do Coreto, estragaram tudo. Obrigado a parar, tentei aguentar toda aquela tormenta do crescimento de água na boca e, aqueles malditos arrotos seguidos da tentativa de fazer voltar à superfície todo o que estava no estômago. Depois de um pouco de ar fresco e tendo em conta que a Auto-Estrada estava ali mesmo a dois passos, pensei: Pode ser!... Pode ser que agora aguente até casa.
Já a caminho, a Beatriz vendo que as minhas glândulas salivares não paravam de me encher a boca de água, aconselhou-me a chupar duas pastilhas:
“Toma lá, chupa que vais ver que te passa o enjoo...”.
E assim, lá fui andando e chupando aquela porcaria até à saída da Auto-estrada para a Flamenga.
Ao passar por baixo da ponte com rotunda, eis o primeiro sinal difícil de aguentar:
O meu estômago estava prestes de devolver as pastilhas, a sopa que tinha comida às seis da tarde, o bolinho que a Beatriz levou para o lanche e ainda, o raio da banana que comi durante a viagem no carro vassoura.A andar muito devagarinho, dei com meninos apressados a ultrapassar-me mesmo nos traços contínuos e a mandarem-me muitos “beijinhos” (grandes sacanas). Aguentei as primeiras investidas do meu estômago até perto da Fábrica de papel na Póvoa de Santo Adrião. Quando me aproximei, zás: sinal encarnado.
Toca a travar e..., aconteceu a primeira explosão: Como já não tinha tempo de sair do carro, mesmo sentadinho, foi só abrir um pouco a porta e lá foi tudo para o meio da estrada. Depois já com o sinal verde e os apressados a apitar atrás de mim, tive tempo para meter a primeira e chegar ao cruzamento que se segue: Meia volta ao volante e a festa do “lança fora” continuou. De porta meia aberta lá foi a segunda vaga. 
  
Quando chegamos a casa a Beatriz disse-me:

“Não me voltas a apanhar noutra”.

 Podia ter sido pior. Pensei !
1 de Setembro de 2012 – 1 hora da manhã.  


António Joaquim Sanches    

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

ACREDITAR

           OS MORIBUNDOS FICAM PARA TRÁS

Apenas uma reflexão:

Não é normal aparecer nos jornais, na rádio ou mesmo
nas TVs, notícias que nos causam tanto constrangimento
como a que  intitulei nesta minha reflexão. Quando nos
referimos ao assunto, raramente lhe damos o verdadeiro
significado do objectivo. Há mesmo  quem   o relacione

com as  malfadadas guerras do passado sem reflectir na
sua abrangência. De uma maneira geral, estas situações
são vistas como normais mas..., enquanto só acontecem
aos outros. O grande problema é quando o “moribundo”
cai dentro da nossa casa. Aí..., e todos de “cabelo em pé”

não   tempo a  perder. No  entanto,  ninguém foge e o
“moribundo” não  é  abandonado”. A  sua   recuperação,
por vezes ultrapassa a nossa crença. Aos poucos, e vendo
a nossa esperança a esfumar-se cada vez mais, apostámos
num  único objectivo...: “Vais  recuperar!...”. Com tanta
preocupação  e dor,  acabamos  envolvidos  no mesmo
sofrimento. Na esperança  da sua  salvação e sempre a
acreditar, acabamos  por ocupar aquele lugar, aquando
do seu  passamento. Por isso,  meus  queridos  amigos,
sem  nunca me  passar  pela  cabeça, deixar para trás a

minha esperança, vou  aceitar que, mais  cedo ou mais
tarde,  um dia  tinha de  acontecer o desenlace sem ver
os objectivos alcançados.Assim à tristeza que há tantos
meses invade o meu coração, vou dar-lhe um pouco de
alívio para  viver, não com a  alegria  que  vivi noutros

tempos  passados, mas  sim, com
com  a  esperança  de  que  possa
viver  com  saúde o pouco tempo
que ainda me resta!...

Setembro de 2012

A. Sanches    

sexta-feira, 25 de maio de 2012

ACREDITAR



AS ‘ESCADAS’ DA VIDA...

Estamos no século XXI. Quem diria!...
Para trás, e sem que tenhamos dado por
isso, já estamos a doze do século XX.
O tempo voa e não perdoa.
No entanto, ainda anda por aí muita gente
que tendo nascido na primeira metade do
século passado e se deslocava em  carroças
ou outros meios de tracção animal, andam
agora a bambolear-se de carrinho, impondo
a sua juventude a caminho do topo
das ‘escadas’ da vida.
Chegados lá, e salvo raras excepções,
iniciam a descida daqueles “degraus”
íngremes que, á maior parte, tanto
custaram a subir.
Queiramos ou não, com bengala ou
sem ela, lá em cima ninguém fica.
Alguns, e não são poucos, desistiram
e não completaram a subida.
Outros, e são muitos, caíram a meio
da descida sem sofrimento.
Alguns, e muito poucos, conseguiram
uma descida mais ou menos controlada:
Acabaram por cair já quase no fundo
sem terem dado por isso.
No entanto, há aqueles que descendo
mesmo com grandes dificuldades,
de pé ou deitados ficam no último
degrau!... Porque será?...
Para que serve esse tempo de espera se:
Morrer é o nosso desígnio?
Será a aventura da vida?...   
Ou será que é a loucura da morte?...
SENHOR....
Para que nos serve tanto sofrimento?...

Abençoados aqueles que adormeceram em paz!...

António Sanches

23-05-2012

sábado, 12 de maio de 2012

ACREDITAR

 UMA REFLEXÃO

Acreditar em nós, será a melhor coisa que nos pode acontecer:

Se nem em nós Acreditámos!... Então, como vai ser?...                   

Em mim, juro que Acredito mas... E em Ti?... Está bem de ver!...                     

Vou tentar mas... Será que não me vou arrepender?...

Vou esperar para ver mas!... Só Tu me saberás responder!...

Milagre?... Ah! Isso não vai haver, podes crer!...

Mas, eu vou Acreditar!... Não me faças entristecer!...    

Neste dia deste à luz e, Abençoas-te o pequeno ser...

Acreditaste nele e..., fizeste-o crescer...

Por ele..., volves-te a terra para sobreviver!...

Comes-te o pão que o ‘Diabo’ amassou sem o saber.

Por ti, estou à volta do teu leito a sofrer!...

Não te quero ver partir... tu és o meu Ser...

Mãe,!... Espera por mim..., até Deus Querer...

Unidos na Vida..., até morrer!...

António Sanches   


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

ACREDITAR?...


Porque ainda estamos vivos e podemos Acreditar!... 
  

ACREDITAR?...

Será que nos tempos que correm..., Acreditar é um risco?...
Se pensarmos bem... é um grande risco!...
Acreditar em Deus: é ter Paz, viver com esperança e alegria.
E depois?...Será que não há um depois?...

Será que todos os que Acreditam serão felizes para o resto
das suas vidas?...No meu entender, assim deveria ser, mas...
Não é!...Mesmo querendo acreditar... Não é!...

Estar de bem com Deus, é um Momento... Curto ou longo,
é apenas um Momento.No imaginário de quem Acredita,
Ele está sempre presente!.... Será?...
Por vezes, acontecem situações que nos levam a Acreditar
 que sim...  Mas... Será que justifica as ausências?...

Outras vezes, e na falta do nosso Deus, apelamos aos
Santinhos!... Também queremos acreditar que sim!...
Sim?... Mas Sim o quê?... Por vezes e, às vezes..., até
parece Verdade, mas... Será coincidência!... Ou Milagre?...   

Vou Acreditar na coincidência!... Certo dia, Alguém disse:
“Acredita, e tua Alma será salva”. E eu Acreditei... e eu
quero Acreditar!... Mas... Pensando bem..., pergunto:

Será que tenho Alma?...Na dúvida, olho em redor:
-Recém-nascidos torturados pelos próprios pais...
-Velhos abandonados pelos filhos...
-As desgraças provocadas pela Natureza...
Quem sou eu?...

E os representantes do Redentor... Quem são?...
Quando no Altar os vemos a suplicar o perdão
da Humanidade... Pensamos: Está ali um homem...
 e Deus!..., onde está Deus?...“Ele está sempre
no meio de nós”...Às vezes, ainda quero Acreditar!... Mas...
Com o coração destroçado a olhar para aquele leito!...
Pergunto:

           Será verdade?...

Será que vale a pena Acreditar?...

A.     Sanches

23/1/2012